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Frases bonitas, n. 599
🌺São Padre Pio🌺
Frases bonitas, n. 600
🌺Imitação de Cristo🌺
🌺A Pureza dos Pensamentos🌺

§ II. Da vigilância sobre os pensamentos

1) A respeito dos maus pensamentos encontra-se, muitas vezes, um duplo engano:

a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

Por mais que sejamos atormentados pelas tentações, pela rebelião de nossos sentidos, pelas comoções ou sensações desregradas de nossa natureza corpórea, não existe pecado algum enquanto faltar o consentimento, como ensina também São Bernardo, dizendo: "O sentimento não causa dano algum, contanto que não sobrevenha o consentimento".

Para consolar tais almas timoratas e escrupulosas, quero oferecer-lhes aqui uma regra prática, aceita por quase todos os teólogos: Quando uma alma que teme a Deus e detesta o pecado, duvida se consentiu ou não em um mau pensamento, não está obrigada a confessar-se disso, porque, em tal caso, se tivesse realmente cometido um pecado mortal, não estaria em dúvida a esse respeito, porque o pecado mortal, para uma alma que teme a Deus, é um monstro tão horrendo, que não poderá ter entrada em seu coração sem o perceber.

b) Outros, que possuem uma consciência mais relaxada e são mal instruídos, julgam, pelo contrário, que os maus pensamentos nunca são pecados, mesmo havendo consentimento neles, contanto que não se chegue a praticar. Este erro é muito mais pernicioso que o primeiro. O que se não pode fazer, não se pode também desejar; por isso, o mau pensamento em si contêm toda a malícia do ato. Assim como as más obras nos separam de Deus, também os maus pensamentos nos afastam d'Ele e nos privam de Sua graça. "Pensamentos perversos nos separam de Deus" (Sab 1, 3). Como as más obras estão patentes aos olhos de Deus, também Sua vista alcança todos os nossos maus pensamentos para condená-los e puni-los, pois "um Deus de ciência é o Senhor, e diante d'Ele estão patentes todos os pensamentos" (I Rs 2, 3).

- Tratado da Castidade, Santo Afonso de Ligório <Parte 2>
Frases bonitas, n. 601
🌺Santa Maria Goretti🌺
Frases bonitas, n. 602
🌺São Josemaria🌺
🌺A Pureza dos Pensamentos II🌺

2) Logo, nem todos os maus pensamentos são pecados, e nem todos os que são pecados trazem em si o mesmo cunho de malícia. Devemos considerar três coisas quando se trata de um pecado de pensamento, a saber: a sugestão, a deliberação e o consentimento. Alguns esclarecimentos a esse respeito:

a) Sob a palavra sugestão entende-se o primeiro pensamento que nos incita a praticar o mal que nos vem à mente. Esta instigação ou incitamento ainda não é pecado; se a vontade a repele imediatamente, é mesmo uma fonte de merecimentos. "Para cada tentação a que opuseres resistência, se te deverá uma coroa", diz Santo Antão. Até os Santos foram perseguidos por tais pensamentos. São Bento revolveu-se sobre os espinhos para vencer uma tentação impura, e São Pedro de Alcântara lançou-se em poço de água gelada. São Paulo nos informa que também ele foi tentado contra a pureza: "E para que a grandeza das revelações não me ensoberbesse, foi-me dado um espinho em minha carne, um anjo de satanás para me esbofetear" (2 Cor 12, 7). O Apóstolo suplicou várias vezes ao Senhor que o livrasse desse inimigo: "Por essa causa roguei ao Senhor três vezes que o afastasse de mim". O Senhor não quis, porém, dispensá-lo do combate, e respondeu-lhe: "Basta-te a minha graça". E por que não queria o Senhor livrá-lo? Para que adquirisse maiores méritos por sua resistência à tentação: "Porque a virtude se aperfeiçoa na fraqueza". São Francisco de Sales diz que quando um ladrão procura arrombar uma porta, é porque não está ainda dentro da casa; assim também, quando o demônio tenta uma alma, é porque se acha ela ainda na graça de Deus.

Santa Catarina de Sena foi uma vez horrivelmente atormentada pelo demônio, durante três dias, com fortes tentações impuras. Apareceu-lhe então o Senhor para consolá-la, e ela perguntou-lhe: - Mas onde estivestes, Senhor meu, durante estes três dias? Jesus respondeu-lhe: Dentro do teu coração, dando-te força para resistires à tentação. E o Senhor deu-lhe a conhecer que o seu coração estava, depois da tentação, mais puro que antes.

b) À sugestão segue-se a deleitação. Quando nos damos ao trabalho de repelir imediatamente a tentação, sentimos nela uma certa complacência ou prazer, que nos vai arrastando ao consentimento. Mesmo então, se a vontade não dá seu assentimento, não há pecado mortal; quando muito, poderá haver pecado venial. Se, porém, não recorrermos então a Deus e não nos esforçarmos por resistir à tentação, facilmente nos sentiremos arrastados ao consentimento e perdidos, segundo as palavras de Santo Anselmo (De similit., c. 40): "Se não procuramos impedir a deleitação, ela se transformará em consentimento e matará a alma".

Uma senhora, que tinha fama de santa, teve, um dia, um mau pensamento, que não repeliu imediatamente, e pecou por pensamento. Por vergonha deixou de confessar esse pensamento criminoso e morreu, pouco depois, em estado de pecado. Porque morreu com fama de santidade, mandou o bispo que fosse sepultada em sua própria capela. No dia seguinte, porém, apareceu-lhe ela, toda circundada de fogo, e confessou-lhe, infelizmente já tarde demais, que estava condenada por ter consentido num mau pensamento.

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.

- Tratado da Castidade, Santo Afonso de Ligório <Parte 3>
Frases bonitas, n. 603
🌺Dom Henrique Soares🌺
Frases bonitas, n. 604
🌺São João Maria Vianney🌺
🌺A Pureza dos Pensamentos III🌺

3) Se fores, pois, molestada por tais tentações, alma cristã, não deves perder a coragem, antes, animosamente combater, empregando os meios que te vou indicar, e não sucumbirás:
 
a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.
 
b) O segundo meio é recorrer imediatamente a Deus, sem entrar em diálogo com a tentação. Logo que se apresentar ao nosso espírito um pensamento impuro, devemos elevar a Deus imediatamente o nosso pensamento ou dirigi-lo a qualquer objeto indiferente. A coisa melhor será invocar imediatamente os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria, e não cessar de repeti-los até desaparecer a tentação. Se ela for muito forte, será bom repetir muitas vezes o seguinte propósito: Ó meu Deus, prefiro morrer a Vos ofender. Peça-se socorro, dizendo: Ó meu Jesus, socorrei-me. Maria, assisti-me. Os Nomes de Jesus, Maria e José possuem uma força especial para afugentar as tentações do demônio.
 
c) O terceiro meio é a recepção assídua dos Santos Sacramentos da Confissão e da Comunhão. É de suma importância revelar quanto antes ao confessor as tentações impuras. "Uma tentação revelada já está meio vencida", diz São Filipe Néri. E se alguém teve a infelicidade de consentir em uma tentação, não se demore nenhum instante em se confessar disso. São Filipe Néri livrou um rapaz desse vício, induzindo-o a confessar-se logo depois de cada queda.
 
A Santa Comunhão, está fora de dúvida, confere uma grande força na resistência às tentações desonestas. O Sangue de Jesus Cristo, que recebemos na Sagrada Comunhão, é chamado pelos Santos de 'Vinho gerador de Virgens' (Zac 9, 17). O vinho natural é um perigo para a castidade; este Vinho Celestial é o seu conservador.
 
d) O quarto meio é a devoção à Imaculada Mãe de Deus, que é chamada a Virgem das Virgens. Quantos jovens não se conservaram puros e castos como Anjos, devido à devoção à Santíssima Virgem!
 
e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.
 
f) O sexto meio consiste no emprego de todas as precauções exigidas pela prudência, tais como a modéstia dos olhos, a vigilância sobre as inclinações do coração, a fugida das ocasiões perigosas, etc.

- Tratado da Castidade, Santo Afonso de Ligório <Parte 4>
Frases bonitas, n. 605
🌺Santo Inácio🌺
Frases bonitas, n. 606
🌺Imitação de Cristo🌺
14. Sião dizia: O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me.
15. Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, Eu não te esqueceria nunca.
16. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos, tenho sempre sob os olhos tuas muralhas.
Isaías 49
🌺Meditação sobre a Morte🌺

Preparação

1. Põe-te na presença de Deus.

2. Pede a Deus que te inspire.

3. Imagina que te achas enfermo, no leito de morte, sem nenhuma esperança de vida.

Consideração

I. Considera, minha alma, a incerteza do dia da morte. Um dia sairás do teu corpo. Quando será? Será no Inverno ou no Verão ou em alguma outra estação do ano? No campo ou na cidade, de noite ou de dia? Será dum modo súbito ou com alguma preparação? Será por algum acidente violento ou por uma doença? Terás tempo e um sacerdote para te confessares? Tudo isto é desconhecido, nada sabemos, a não ser que havemos de morrer indubitavelmente e sempre mais cedo que pensamos.

II. Considera no teu espírito que então para ti já não haverá mundo, vê-lo-ás perecer ante os teus olhos; porque então os prazeres, as vaidades, as honras, as riquezas, as amizades vãs, tudo isso se te afigurará como um fantasma, que se dissipará ante as tuas vistas. Ah! Então haverás de dizer: por umas bagatelas, umas quimeras, ofendi a Deus, isto é, perdi o meu tudo por um nada. Ao contrário, grandes e doces parecer-te-ão então as boas obras, a devoção e as penitências, e haverás de exclamar: Oh! Por que não segui eu esta senda feliz? Então, os teus pecados, que agora tens por uns átomos, parecer-te-ão montanhas e tudo o que crês possuir de grande em devoção será reduzido a um quase nada.

III. Medita esse adeus grande e triste que a tua alma dirá a este mundo, às riquezas e às vaidades, aos amigos, aos teus pais, aos teus filhos, a um marido, a uma mulher, ao teu próprio corpo, que abandonarás imóvel, hediondo de ver e todo desfeito pela corrupção dos humores.

IV. Prefigura vivamente com que pressa levarão embora este corpo miserável, para lançá-lo na terra, e considera que, passadas essas cerimônias lúgubres, já não se pensarão mais de todo em ti, assim como tu não pensas nas pessoas que já morreram. “Deus o tenha em paz” — há de dizer-se — e com isso está tudo acabado para ti neste mundo. Ó morte, sem piedade és tu! A ninguém poupas neste mundo.

V. Adivinhas, se podes, que rumo seguirá tua alma, ao deixar o teu corpo. Ah! Para que lado se há de voltar? Por que caminho entrará na eternidade? — É exatamente por aquele que encetou já nesta vida.

São Francisco de Sales in ‘Filoteia – Introdução à Vida Devota’, Cap.XIII
Frases bonitas, n. 607
🌺Santa Teresa D'Ávila🌺
Frases bonitas, n. 608
🌺São Francisco de Assis🌺
🌺Aflição e confiança🌺

Hoje, o Evangelho nos apresenta Jesus na barca, dormindo, cansado, ao anoitecer. Tão doce, essa imagem… Essa barca é a Igreja e pode ser considerada também como figura da nossa própria vida. Como quer que seja, o cenário é desolador e apavorante: é noite, no meio do Mar da Galileia, e, de repente, levanta-se uma tempestade de vento muito forte, com as ondas lançando-se barco a dentro.

Pensemos, caríssimos, que muitas vezes é assim que percebemos, seja a realidade da Igreja, seja a realidade de nossa própria existência. Tanta vez é noite e nada podemos enxergar com clareza; tanta vez as ondas parecem agitar tudo, e as torrentes ameaçam nossa pobre barquinha, de modo que nos sentimos pequenos e impotentes, como os navegadores descritos pelo Salmo de hoje: “Ele ordenou, e levantou-se o furacão, arremessando grandes ondas para o alto; aos céus subiam e desciam aos abismos, seus corações desfaleciam de pavor”. Ai! Que tantas vezes encontramo-nos nessa situação, tantas vezes vemos a Igreja encontrar-se assim! E o Senhor, como no Evangelho de hoje, parece dormir, parece alheio à nossa aflição, distante da nossa angústia, incapaz de nos salvar… quantas vezes temos de dizer: “Senhor, por que dormes? Por que não respondes? Por que parece que não vês a dor e o sofrimento?
Não é ruim que gritemos ao Senhor, caríssimos, pois gritar-lhe, pedir-lhe e até queixar-se a ele é sinal de fé. Só quem crê e considera realmente Deus como Alguém e não como uma ideia abstrata, é que reza realmente! Então, gritemos, então, rezemos, então supliquemos! Só não o façamos com a atitude de descrença dos apóstolos. O mal deles não foi acordar o Senhor, não foi suplicar por socorro. Não! Seu mal foi duvidar do seu amor! Vede, caros meus, como eles dizem: “Não te importas que estejamos perecendo?” Duvidam da solicitude do Senhor, duvidam de seu cuidado por eles, duvidam do seu amor pela humanidade e por cada um de nós: “Não te importas?” Aconteça o que acontecer conosco, meus caros, não temos o direito de duvidar do amor de Cristo, da sua presença, do seu cuidado para conosco. Olhemos a Cruz! Conhecemos o amor de Deus para conosco, sabemos o quando Cristo nos quer bem, o quanto é nosso amigo, pois que não há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13), e ele deu a sua vida por nós… São Paulo nos recorda, na segunda leitura de hoje, que “um só morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. E então, meus caros? Aquele que vai na nossa barca, na barca da Igreja e na barca da nossa vida, é o mesmo que se deu todo a nós e todo por nós; aquele que por nós morreu e ressuscitou! Gritar por ele, sim; clamar por ele, sim; suspirar pelo socorro dele, sim também; mas duvidar e reclamar com soberba descrença, não!

Será que não cremos de verdade que ele é o Senhor, que ele está vivo? Será que não sabemos com todo o nosso coração que ele é o Deus que domina o orgulho das ondas do mar? Vede como ele impera, como ordena: “Silêncio, mar! Cala-te!” E, que diz o Evangelho? “O vento cessou e houve uma grande calmaria”. E, então, Jesus perguntou aos Doze, e nos pergunta a nós: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” – Então, Senhor, por que tenho medo, se nada é impossível para ti? Por que me entristeço tanto, se nada é impossível para ti? Por que me sinto sozinho, abandonado na vida, inseguro, preso pelo destino, se podes tudo, se venceste a morte; se sei que nada é impossível para ti?
Para a mentalidade bíblica, era muito claro que somente Deus pode domar o mar. E ainda hoje, o homem da tecnologia, tão prepotente e metido a autossuficiente, treme de medo diante da potência do oceano. Por isso, a pergunta assustada dos Doze: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Pois bem, este é o próprio Deus! Isso mesmo: Jesus é Deus, Jesus acalma o mar! Hoje, caríssimos, temos a ilusão que podemos controlar nossa vida e nosso destino. É mentira, é ilusão, é soberba! A barquinha de nossa vida, que atravessa o mar borrascoso deste mundo, está nas mãos do Senhor.

Então, entreguemo-nos a ele, confiemo-nos em suas mãos! E, se ele parece dormir, não temamos, porque estará sempre conosco e, se olharmos bem a sua Cruz, saberemos com toda certeza que, venha o que vier, ele nos ama, ele faz conta de nós, ele não nos esquece! Aliás, esta é a grande diferença entre quem crê e quem não crê: para aquele que de verdade acredita no Senhor e nele coloca sua confiança, venha o que vier, ele espera e confia, ele sabe que está nas mãos de Alguém que nos ama. Afinal, o que sabemos da vida? Que sabemos do modo como Deus dirige o mundo e nossa existência? Será que não percebemos que o Senhor está presente no silêncio tanto quanto está presente quando nos fala? Será que não vemos que ele está ao nosso lado no sorriso como também no pranto? Será que esquecemos que mesmo a treva para ele não é escura? – Ele é a luz e, com ele, a própria noite resplandece como o dia! Pensemos ainda nas palavras do Salmista: “Gritaram ao Senhor na aflição, e ele os libertou daquela angústia. Transformou a tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram. Alegraram-se ao ver o mar tranquilo, e ao porto desejado os conduziu. Agradeçam ao Senhor por seu amor e por suas maravilhas entre os homens!” – Senhor Jesus, perdoa porque ainda somos medrosos, ainda temos tantos temores! Quantas vezes juramos confiança em ti; quantas vezes dizemos que te amamos… Mas, na tempestade e na treva do mar bravio e profundo, tememos e duvidamos e, ainda, raivosos, temos queixas de ti e a ti acusamos… Perdoa nossa insensatez, perdoa nossa descrença, perdoa nossa cegueira! Conduze tu mesmo, como bem quiseres, a barquinha da Igreja, o barco pequenino da nossa vida! Dá-nos a confiança de que tu és o fiel condutor e o porto bendito, no qual um dia ancoraremos para sempre a pobre barca da nossa existência. Amém.

Dom Henrique Soares

Homilia do XII Domingo do Tempo Comum
Frases bonitas, n. 609
🌺Santa Teresa de Jesus🌺
🌺Santa Teresinha em 30/10/1897, há 126 anos atrás🌺
🌺Das profundezas eu clamo a Vós, Senhor🌺

Presumimos que estais vigilantes, não somente com os olhos corporais abertos, mas ainda de coração; por isso, devemos cantar com inteligência:

“Das profundezas clamei a ti, Senhor, Senhor, escuta a minha voz”.

De fato, esta voz é de alguém que sobe, e pertence aos cânticos graduais. Por esta razão, veja cada um de nós as profundezas onde se encontra, e de lá clame ao Senhor. Jonas clamou das profundezas, do ventre da baleia. Achava-se não somente debaixo das ondas, mas ainda nas vísceras da baleia; todavia, nem aquele corpo, nem aquelas ondas, impediram que sua oração chegasse até Deus, e o ventre do animal não pôde reter a voz do suplicante. Penetrou tudo, rompeu todos os obstáculos, chegou aos ouvidos de Deus. Se, no entanto, se pode dizer que atravessando tudo chegou aos ouvidos de Deus, quando os ouvidos de Deus já estavam atentos ao coração daquele que rezava. Qual a voz fiel que não tem Deus presente? Todavia, também nós devemos entender de quais profundezas havemos de clamar ao Senhor. Profundezas para nós constitui nossa vida mortal. Todo aquele que entende encontrar-se nas profundezas, clama, geme, suspira, até ser arrancado das profundezas, e chegar àquele que está sentado acima de todos os abismos, sobre os querubins, acima de tudo que ele criou, não somente os seres corporais, mas também os espirituais. Até a alma, alcançar a Deus até que ele liberte a sua imagem, o homem, imagem apagada e varrida por assíduas ondas nessas profundezas e até que seja renovada e restaurada por Deus, que a imprimiu quando formou o homem (este pôde ser capaz de cair, mas não é capaz de se ressuscitar), este acha-se sempre nas profundezas. Se não for libertado, conforme disse, estará sempre nas profundezas. Mas ao clamar dessas profundezas, ergue-se de lá e o próprio clamor não o deixa ficar muito no fundo. Estão mergulhados nas profundezas os que de lá nem ao menos clamam. Diz a Escritura:

“O pecador, chegando ao profundo dos males, despreza” (cf Pr 18,3).

Já podeis notar, irmãos, quais são essas profundezas, lá onde se despreza a Deus. Quando alguém percebe que está acabrunhado de pecados cotidianos e oprimido por um acervo e uma grande quantidade de iniqüidades, se lhe for dito que reze a Deus, ele zomba. De que modo? Em primeiro lugar, responde: Se os crimes desagradassem a Deus, eu estaria vivo? Se Deus se preocupasse com os eventos humanos, diante de tantos crimes que pratiquei, não só ainda estaria vivo, mas gozaria de tal bem-estar? Isto costuma suceder aos que estão mergulhados nas profundezas, e prosperam no meio de seus pecados; e tanto mais submergem quanto mais se julgam felizes. Uma felicidade falaz é a maior infelicidade. Em seguida, costumam dizer: Uma vez que já cometi muitos pecados e minha condenação é iminente, perco se não faço tudo o que posso; e: Estou perdido, porque não faço tudo o que posso? Deste modo costumam os ladrões dizer, quando desesperados: O juiz há de me matar por dez homicídios, da mesma forma que por cinco, ou por um só; por que não hei de fazer tudo que me ocorrer?
É isto o que significa:

“O pecador, chegando ao profundo dos males, despreza”.

Mas nosso Senhor Jesus Cristo que não desprezou nem mesmo as nossas profundezas, que se dignou vir a esta vida, prometendo a remissão de todos os pecados, estimulou o homem, mesmo o que estava nas profundezas, a clamar destas profundezas, sob o grande peso dos pecados, e fez com que a voz do pecador chegasse até Deus. De onde clamava ele, senão das pro-fundezas de seus males?

- Trecho do Sermão de Santo Agostinho sobre o Salmo 129
2024/05/20 04:21:31
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