São Nuno de Santa Maria

Data: 6 de Novembro
   
Nuno Álvares Pereira nasceu no dia 24 de Junho de 1360 em Cernache do Bonjardim (Portugal), e foi educado nos ideais nobres da Cavalaria Medieval, no ambiente das Ordens Militares e depois na Corte Real. Tal ambiente marcou a sua juventude. Aos dezesseis anos casou-se com Dona Leonor de Alvim, e desta união nasceram três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz.
As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em Dom Nuno um exímio chefe militar e nomeou-o Condestável, isto é, Comandante Supremo do Exército. Nuno conduziu o Exército Português repetidas vezes à vitória, sendo a mais significativa a de Aljubarrota a 14 de Agosto de 1385, assegurando a independência de Portugal em relação ao Reino de Castela.
A batalha de Aljubarrota viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Fim da ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos.
Conta-se que na fase mais crítica da famosa batalha de Valverde, que quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Quando já se temia o pior, o seu escudeiro encontrou D. Nuno em êxtase, ajoelhado, rezando entre dois rochedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: “Nada de orações, que morremos todos! Responde então D. Nuno, suavemente:
“Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar”.
Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa. Depois desta batalha, os castelhanos recusaram-se a dar-lhe batalha em campo aberto.
Os dotes militares de Nuno eram, no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria eram a trave-mestra da sua vida interior. Mandou construir por conta própria numerosas igrejas, destacando-se de entre estas o Convento do Carmo de Lisboa, que veio a entregar aos Carmelitas, que conhecera em Moura, e apreciara pela sua vida de intensa oração e amor a Nossa Senhora.
Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusou ter novas núpcias. Quando finalmente foi alcançada a paz, distribuiu grande parte dos seus bens e decidiu entrar no Convento do Carmo de Lisboa, tendo tomado o nome de Frei Nuno de Santa Maria: era a opção por uma mudança radical de vida em coerência com a fé autêntica que sempre o orientara. Ao entrar no Convento recusou todos os privilégios e assumiu a condição mais humilde, a de simples irmão, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria – a sua terna Padroeira que sempre venerou – e dos pobres, nos quais via o rosto de Jesus.
Frei Nuno de Santa Maria morreu no Domingo de Páscoa de 1 de Abril de 1431, sendo sepultado no Convento do Carmo, passando de imediato a ser venerado como Santo pela piedade popular.
O Papa Bento XV declarou-o Beato a 23 de Janeiro de 1918, e o Papa Bento XVI proclamou-o Santo da Igreja Católica, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia 26 de Abril de 2009. A sua Festa litúrgica celebra-se a 6 de Novembro.
São Nuno de Santa Maria rogai por nós!

Oração
Pai Santo, em Jesus Cristo mostrastes a São Nuno de Santa Maria o valor supremo do vosso Reino. Para o conquistar, ele exercitou-se com as armas da fé, do amor a Cristo e à Igreja, da Palavra de Deus, da Eucaristia, da oração, da confiança em Maria, da caridade, do jejum, da castidade, da fortaleza, do serviço, da retidão de espírito e da justiça. Concedei-nos que sem obstáculos da alma e do corpo possamos nós também viver sempre ao vosso serviço e, combatendo o bom combate da fé, mereçamos tomar parte no Banquete do Reino dos Céus. Por Cristo, Nosso Senhor. Amem. São Nuno de Santa Maria rogai por nós!
Reflexão
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terremoto de 1755. O seu epitáfio era: “Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”

Atenção

Até o final de semana, publicarei aqui o link para a inscrição no curso A educação católica, junto de um áudio com mais algumas informações. Esta pode ser a chance de alguns enviarem perguntas nos comentários para tirarem as dúvidas que ainda existam sobre o curso.

A Educação Católica

Estes são os tópicos inicialmente considerados do curso que terá em breve o link de inscrição disponibilizado (este esquema ainda pode sofrer alterações):

Introdução: O contexto da revolução e a necessidade da educação católica
Aula 1 - A tradição judaica dos apóstolos e a educação grega e romana
Aula 2 - Leituras dos primeiros cristãos, objetivos e perigos
Aula 3 - Hugo de São Vitor e a educação na Idade Média
Aula 4 - A decadência educacional da Idade Média - As universidades
Aula 5 - Protestantes, Jesuítas e os humanistas - A educação moderna.

A verdadeira e única finalidade da educação, dizia Hugo de São Vitor, é a santidade. A ideia de uma separação entre a ascese da vida religiosa e o ensino do conhecimento, mais ainda do ensino de uma profissão, é uma característica moderna, cujo resultado final se vê na educação contemporânea, da qual professores católicos, alunos e suas famílias, buscam fugir a todo o custo a fim de proteger seus filhos da influência terrível dos maus costumes proporcionados por essa separação. Preparado para a santidade, seja na vida religiosa ou secular, qualquer criança ou adolescente estará pronto para exercer o seu dever de estado e ofício em qualquer sociedade, não importando onde e quando esteja, época ou conjuntura social. De que adiantaria um bom conhecimento técnico se não houver a bondade e a virtude como suporte da sua execução? Se a realidade espiritual estiver acima e coordenando todo o ensino, o aluno será apto a qualquer trabalho. Com a vantagem de que também será apto à santidade. A preocupação moderna com a profissão, com o trabalho ou a mera aquisição de alta cultura, é apenas um meio, que quando desviado da sua finalidade, torna-se facilmente obstáculo àquela finalidade que é a santificação da alma. Por que, então, não focar com entusiasmo naquele dever gravíssimo depositado sobre os pais e professores, o de não escandalizar a inocência, de não omitir-se a ensinar a amar a Deus e a conhecer a Sua Lei tão cedo quanto possa construir nas almas um hábito vital, uma segunda natureza? Não há nada tão importante aos pais e professores do que aquela paz de saber que deram tudo de si para que seu filho ou aluno goze da eterna sabedoria e felicidade. E estes professores e pais talvez não imaginem, mas este foco no âmbito espiritual, quase exclusivo, representa um anseio tão ávido da alma humana, que verão seus filhos facilmente se animarem como nunca antes pelo estudo, a disciplina e até mesmo a oração.

Ao contrário, os que põem sua atenção unicamente nas coisas do mundo, na preparação para uma vida terrena, não poderão justificar-se perante Deus, mas apenas perante os homens e ao mundo. Dizem por aí que "fazemos filhos para o mundo, não para nós". O correto é dizer que os filhos são dados por Deus e, por isso, feitos para Ele. Os que se preocupam com o mundo e suas míseras riquezas terão neste mundo alguma migalha, mas talvez nenhuma depois dele. Que preço pagaremos se tivermos essa preocupação acima daquela que é matéria de grave obrigação a pais e professores. O mal que se faz aos pequenos será cobrado.

Para isso, precisamos compreender a gravidade e a profundidade dos males que o mundo contemporâneo tem lançado a infância, a adolescência e, com isso, a vida adulta das futuras gerações. Podemos ter como parâmetro a nossa vida e dificuldades que tivemos para assimilar novamente uma relação com Deus. Queremos isso para nossos filhos? Se pudéssemos dar a nós mesmos uma educação dentro da cosmovisão cristã, estritamente! O que poucos se dão conta é que a inocência, causa da pureza da alma, dá às almas uma capacidade muito maior para o conhecimento do que a malícia do mundo, na qual muitos pais e professores preferem entregar seus filhos para que "não sejam enganados pelo mundo". Ao protegerem contra os enganos do mundo, os deixam livres para serem enganados pelos vícios capitais, instrumentos do demônio para a condenação eterna.

Atenção, a inscrição já está disponível. Clique para se inscrever e adquirir.

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A introdução do paganismo como "molde" da educação europeia, produto do resgate dos estudos clássicos pelos humanistas, produziu o secularismo e o ateísmo moderno, que deu origem às revoluções. Nos últimos séculos, esse esvaziamento do catolicismo na educação produziu seus frutos na literatura, na ciência e na arte, culminando numa "sopa" cultural de sentimentalismos espiritualistas, todos igualmente avessos à Igreja naquilo que ele tem de essencial. Isso transformou a noção de fé e deixou o católico em geral indiferentista. Tudo isso trouxe não apenas o paganismo de volta, mas um certo impulso à adoração do próprio demônio. Mas como era a educação católica antes de todo esse processo e qual a sua relevância para o momento atual de hegemonia revolucionária? É isto o que busca responder o curso A educação católica.

Literatura pagã e educação católica

Uma das grandes confusões feitas por educadores que se dedicam aos chamados estudos clássicos é confundir a educação primária com a educação dos jovens e adultos. São Basílio, no século IV, de fato incentivou o estudo dos textos gregos e latinos, dizendo que deles se poderia tirar grande proveito para os católicos. Mas frequentemente se menciona isso esquecendo-se de que, só muito recentemente e sob as bênçãos do humanismo renascentista, é que se colocou estes textos nas mãos de adolescentes e crianças. A decadência experimentada na Universidade medieval acabou abrangendo os estudos secundários graças ao Radio Studiorum, dos Jesuítas, que sob o pretexto de acompanhar os "avanços" humanistas, levou o problema do paganismo na educação também à juventude que ainda estava imune do problema que assolava a universidade.

Ouvi por aí que Santa Terezinha teria sido uma vocação de extrema exceção por ser muito precoce, mas o fato é que isso se deve, não à uma anedótica situação promovida pelo acaso, mas à educação piedosa dos pais, que repetiu, em grande parte, o que era feito na Idade Média. Santa Teresinha do Menino Jesus queria ser mártir, queria ir à guerra como Joana D'Arc, que ainda nem canonizada era, e isso não se deve a um sopro insondável do Espírito Santo apenas, mas à cooperação com a graça por parte de seus pais, algo acessível em qualquer época e lugar em que existam pais que anseiam mais pela santidade dos filhos do que por demonstrar ao mundo a erudição de seus "projetos educacionais" privados ou domésticos. Muito mais do que povoar o mundo de cristãos, numa pretensiosa "ocupação de espaços", qualquer vantagem civilizacional só terá efeito por meio da ocupação dos Céus, de onde virão as graças necessárias a tudo o que a Igreja necessita neste mundo. Porque sem a Igreja nada será feito e tudo fracassa.

A chamada "crise na Igreja" nada mais é que a desistência prática da santidade. Por toda a parte, todos querem obter permissões, autorizações teológicas para estar no mundo, para fazer o que se quer. Depois, é claro, a culpa parece recair sobre a Igreja, o clero, o progressismo. Nada disso teria sido possível se os católicos não tivessem optado pelo caminho da facilidade. Homens fracos farão tempos difíceis. Antes de culpar o clero, lembremos de que o fiel tem o clero que merece. Merecemos as tribulações e castigos porque fomos tíbios, lentos e moles diante da dificuldade. Ouvimos facilmente o eco do mundo que diz não ser tão necessário isto ou aquilo, que "Deus entende", que Deus é misericordioso. E nesta crença, dizemos "não" a todo tipo de graça que recebemos por ato de misericórdia. A ignorância invencível, nos tempos de internet, não nos servirá de desculpa, pois lemos e ouvimos a verdade, mas desdenhamos, fazemos piada, ridicularizamos. A culpa nos arrasta a cada minuto para as trevas enquanto dormimos acordados acreditando que a morte não nos pegará de surpresa.

Ser chamado de carola, fanático, beato, é obrigação do católico no atual cenário. Afinal, se os erros modernistas, em sua maioria, vieram pelo recuo temeroso desses adjetivos, é justamente amparados neles que o católico deve avançar. Avançar sem medida, porque o amor não tem medida. Cristo derramou muito mais sangue do que era preciso para nos redimir, afinal Ele é o próprio Deus e bastaria um estalar de dedos para reabrir novamente as portas do Céu fechadas pelo pecado de Adão. Mas Ele quis ir além. E nós? Se isso lhe parece um exagero, é porque está excessivamente acomodado e confortado, talvez até consolado, com o mundo atual inundado de ofensas a Deus como nunca houve. Para termos a visão clara do mundo, é preciso ter os pés dirigidos à eternidade, não tendo como normal ou trivial a ofensa e o ataque ao que Deus fez para glorificá-Lo. Diz o Evangelho que a Graça é o grande critério, pois o que é feito nela só é julgado com ela. Quem não deseja, não procura e, portanto, não a tem, vê as coisas conforme o limitável e com isso só chega no desespero, na maldade, expresso no cinismo falsamente alegre dos ímpios que se julgam espertos, cultos e eruditos do mundo. Mas eles só sabem das coisas do mundo, são doutores nelas porque são tudo para eles, não veem nada além disso como válido ou digno de atenção. Quem se debruça ao Superior sempre será visto como louco pelos que se entregam ao que é inferior.

Muitos pensam poder usar os mitos gregos e latinos, assim como um culto pela leitura de clássicos da literatura ficcional, para remover magicamente do imaginário juvenil disponível atualmente os males das modas do entretenimento, como ETs, super-heróis, ficção científica, que hoje estão quase onipresentes em toda a cultura de massa. Acontece que essas modas são frutos maduros do processo de secularização aprofundado pelo Romantismo e com o adereço violento da cultura de massa contemporânea. Tudo isso, que tem origem justamente no divórcio artificial entre fé e razão, entre a vida espiritual e uma ideia de vida secular, apartada de Deus, tornou verossímil e assimilável um ideal de homem bifurcado que, na prática, se torna pagão. E qual é o modelo preferido dos produtores de Hollywood e escritores de ficção científica? A mitologia grega e nórdica, isto é, o paganismo. E para onde você acha que está conduzindo o seu filho ao substituir o culto ao Super-Homem pelo de Hércules? Não é ao cristianismo, mas talvez a um ideal de vida culta e erudita apartado da religião que, assim que chegar a idade certa, florescerá na alma um anseio pelas glórias do paganismo, já devidamente glorificado desde a arte humanista até o cinema, contra a chatice irreal de um cristianismo reservado a uma mera obrigação social e familiar.

Salve Maria Santíssima!

Em breve será disponibilizada a terceira edição da revista Regina Milites, enviada para os e-mails dos inscritos gratuitamente, como sempre. O tema desta edição é o Advento, iniciado neste domingo, mas com alguns artigos sobre temas diversos. Um deles é uma pequena biografia e reflexão sobre o beato conhecido como Fra Angelico, o grande pintor medieval responsável por grande parte do imaginário que temos daquela era profundamente católica. Há também um presente aos assinantes: uma versão da Acta Martyrum, os relatos dos primeiros mártires feitos pelos primeiros cristãos, um texto que era lido para crianças como parte da educação daqueles cristãos que viviam na marginalidade de um império pagão. O documento é uma das fontes usadas no curso A educação católica, recentemente iniciado na plataforma Observatório, do Instituto Estudos Nacionais (informações e inscrições do curso no canal Cristian Derosa). Há também um importante texto extraído de uma revista tomista brasileira sobre a relação entre promessas de Nossa Senhora e o possível milenarismo, mostrando como se pode obter os melhores critérios sobre determinados tópicos das revelações privadas. A revista católica Regina Milites procura oferecer o melhor conteúdo que prepare os católicos para os grandes acontecimentos na alma, no mundo e na cristandade.

Capa da terceira edição, em breve disponível por e-mail. Quem ainda não se inscreveu para receber, faça isso agora mesmo pelo link: estudosnacionais.com/reginamilites.

A grande presunção

A prepotência moderna que mais frequentemente norteou as justificativas para injustificados diálogos com o mundo foi o projeto geralmente não confessado de construção de uma cristandade metahistórica, um metacristianismo. Trata-se da presunção de "instrumentalizar" heresias e erros modernos como se eles, no fundo, fossem novas versões de verdades universais sempre apresentadas pela Igreja Católica. Desde a teoria da evolução, o Big Bang ou todas as novidades trazidas pelo existencialismo ateu e até o marxismo, esta tentativa trouxe tantos erros que é impossível contá-los. Um dos pressupostos mais perigosos dessa abordagem é o chamado erro do concordismo, isto é, o que busca nas ciências e nas filosofias modernas verdades que supostamente confirmariam ou estariam em concordância, prática ou teórica, com a fé ou doutrina católica, tirando daí possível argumento para validá-las ao homem moderno, visto como insensível e incapaz de qualquer outra abordagem. Disso resulta que, dada a natureza errônea e mutável das premissas modernas, basta que tais teorias ou hipóteses científicas sejam invalidadas pela sua próxima versão, e estaria impugnada toda a doutrina católica que se apoiava nela para ganhar a simpatia do mundo atual. É muito comum, hoje, entre conservadores católicos, buscar estudar as ciências para encontrar nelas confirmações da sua fé. Mesmo que estes católicos estejam firmes nela e saibam que não é a ciência humana que sustenta a verdade sobrenatural, mas o contrário, ainda assim o risco de gerar em alunos ou ouvintes essa premissa errônea traz prejuízos gigantescos à alma humana e à Igreja como autoridade espiritual.